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Ao menos 67 milhões de crianças no mundo não têm acesso à educação, diz ONU


De acordo com relatório, países ricos investem mais em guerra do que em educação.

Ao menos 67 milhões de crianças no mundo não têm acesso à educação, especialmente em países com taxa de natalidade elevada e alvos de conflitos armados.

É o que diz um relatório divulgado pela ONU (Organizações das Nações Unidas) nesta segunda-feira (4).

A pesquisa foi feita pelo Ecosoc (Conselho Econômico e Social das Nações Unidas) e está no relatório "A crise oculta: Conflitos Armados e Educação".

De acordo com o documento, entre 1999 e 2008, ao menos 52 milhões de crianças foram matriculadas na educação primária, o que representou aumento de um terço com relação à década anterior.

No entanto, apesar deste avanço, em regiões como a África Subsaariana, 10 milhões de crianças abandonaram o colégio por ano. Por isso que em 2008 havia ainda 67 milhões de crianças no mundo todo sem acesso à educação básica.

Além disso, nos países menos desenvolvidos, 195 milhões de crianças menores de cinco anos - uma em cada três - sofre de desnutrição, o que causa danos irreversíveis ao desenvolvimento cognitivo.

As crianças não são as únicas afetadas pelos problemas de acesso à educação, já que 17% dos adultos de todo o mundo são analfabetas, e deste percentual dois terços são mulheres.

O texto destaca a importância de atingir a meta da educação universal para cinco anos, pelo qual são necessários mais de 1,9 milhão de professores.

Mas, o cumprimento deste objetivo foi afetado pela crise, especialmente nos países mais pobres, já que sete dos 18 países de baixas receitas analisados pelo Ecosoc cortaram seus orçamentos para educação e juntos somaram 3,7 milhões de crianças sem escolarizar.

No entanto, os países mais pobres aumentaram em conjunto a despesa em educação, passando de 2,9% de seus orçamentos em 1999 para 3,8% em 2008.

Guerra X educação

Outro aspecto analisado é a maneira na qual as guerras afetam à escolarização das crianças, já que na última década 35 países sofreram com conflitos armados com duração média - nos países mais pobres - de 12 anos.

Nesse período, 28 milhões de crianças - 42% do total - foram obrigadas a abandonar a escola primária por causa dos conflitos, responsáveis pela destruição de escolas e que transformam em muito perigosos os caminhos até as escolas.

Por exemplo, no Afeganistão foram registrados ao menos 613 ataques a escolas em 2009; na Tailândia 63 estudantes e 24 professores foram assassinados ou feridos entre 2008 e 2009, e, na República Democrática do Congo, um terço das violações ocorreu contra meninas, das quais 13% são menores de dez anos.

Também por isso nestes países afetados por conflitos armados, 79% dos jovens são analfabetos, explica o relatório. O Ecosoc lembra a responsabilidade dos países ricos , já que, no conjunto, as 21 economias mais desenvolvidas investem mais recursos em armamento do que na construção das escolas.

Se 10% dessa despesa militar se desviasse a educação, haveria 9,5 milhões mais de crianças escolarizados.

Notícias R7

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