A VERDADE DEVE SER MOSTRADA

Em 10 anos, quase 1.400 pessoas morreram vítimas de raios no Brasil; veja onde aconteceram mais mortes


Os raios são descargas elétricas produzidas dentro das nuvens durante as tempestades. Mas em determinado momento, essa descarga da nuvem e as cargas elétricas do solo se atraem e, quando as duas se encontram, o raio se forma. Para se proteger das descargas elétricas, alguns cuidados são fundamentais. Em dias de chuva, fique longe de postes de iluminação, árvores, cercas de arame farpado, campos de futebol, pastagens, estradas, montanhas e à beira de lagos. Evite falar ao telefone, principalmente os fixos com fios, e ficar em locais onde você seja o objeto mais alto em relação ao chão.

Nunca fique próximo de automóveis, do lado de fora, se possível entre em algum veículo e mantenha as janelas fechadas. Procurar abrigo debaixo de árvores também é um erro muito comum e pode ser fatal. Não fique dentro do mar também, a água é altamente condutora de eletricidade e raios ocorrem no oceano e podem provocar choques. É recomendável ficar em um local fechado, como dentro de casa. Se não for possível, o melhor é ficar agachado no chão, com as mãos na nuca e os pés juntos. Os aparelhos eletrônicos devem ser desligados da tomada para que não queimem e provoquem incêndio.

Os 10 Estados que registraram mais morte por raio

O primeiro lugar com mais mortes é ocupado por São Paulo, com 236 vítimas, segundo Rio Grande do Sul, 110 mortes, terceiro Minas Gerais, 102 vítimas, quarto Mato Grosso do Sul 92, quinto Goiás 85, sexto Pará 83, sétimo Mato Grosso 79, oitavo Paraná 78, nono Tocantins 60, décimo Bahia 54,

Total de mortes no Brasil 1397

Onde se morre mais

19% Em atividades rurais
14% Próximo de meios de transportes
12% Em baixo de árvores
12% Em casa

Apesar de mais vulneráveis, parques de São Paulo não têm proteção contra raios Os parques estão entre as áreas mais suscetíveis à incidência de raios no cenário urbano. Na capital paulista, por exemplo, a chance de uma pessoa ser atingida por um raio se estiver caminhando em uma área aberta de um parque é de seis para 1.000, probabilidade mil vezes maior do que a média geral do Estado, que foi de seis para um milhão, segundo dados registrados no ano passado pelo Grupo Eletricidade Atmostérica (Elat), do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais).

Entre 2000 e 2010, 1.397 pessoas morreram no Brasil após serem atingidas por raios. São Paulo é o Estado com o maior número de vítimas (236) e maior incidência de raios por km². A capital paulista registrou 16 mortes na década e é a segunda cidade no número de vítimas por raios, atrás apenas de Manaus, onde ocorreram 18 mortes no período. As informações constam de um levantamento do Elat divulgado nesta quinta-feira (16). O órgão possui detalhes sobre apenas seis das 16 mortes ocorridas na cidade de São Paulo. Destas, duas ocorreram no parque Villa-Lobos (estadual) e uma no parque do Carmo (municipal). Apesar da maior incidência de raios, os parques municipais e estaduais da capital paulista não dispõem de equipamentos para proteger seus frequentadores dos raios nas áreas abertas.

Basicamente, há duas formas de proteção e prevenção contra raios: uma delas são os tradicionais pára-raios, utilizados para proteger edificações; a outra opção são os sistemas de detecção que percebem o risco para ocorrência de raios em tempo suficiente para que a população seja alertada. O preço dos equipamentos de detecção varia entre R$ 5.000 e R$ 20 mil. Alguns equipamentos mais sofisticados podem custar até R$ 50 mil. Enquanto os pára-raios servem para proteger áreas fechadas, os sistemas de detecção são adequados para áreas abertas amplas, lugares onde a instalação dos pára-raios é inviável. Em geral, os equipamentos de detecção medem a carga eletrostática das nuvens de uma área de pelo menos 35 km ao redor ou então são capazes de perceber a aproximação de tempestades a partir de uma leitura atmosférica

As administrações dos parques do Ibirapuera, Carmo, Santo Dias, Burle Marx (todos municipais), Ecológico do Tietê e Villa-Lobos (ambos estaduais) e apurou que, em geral, os parques possuem pára-raios nas edificações, mas nenhum deles possui o sistema de detecção. Nos dias de chuva, o alerta aos frequentadores que estão nas áreas abertas é feito por vigilantes que fazem a segurança dos parques, após o início da chuva. Segundo o engenheiro Alexandre Piantini, professor do Instituto de Engenharia Elétrica da USP (Universidade de São Paulo), esse método não é seguro.

“Para o raio cair não precisa estar chovendo. Os sistemas de detecção conseguem indicar o risco de raios em tempo hábil para os administradores avisarem a população. O ideal é que os parques tivessem esse equipamento”, afirma. De acordo com ele, também não há esse tipo de aparelho na USP, embora haja pára-raios nos prédios. Piantini cita um episódio ocorrido em 20 de fevereiro deste ano, quando Maria Aparecida Bueno, 45, vigilante terceirizada no parque Villa-Lobos, foi atingida por um raio justamente enquanto pedia aos frequentadores para que procurassem um abrigo. Ela ficou internada em estado grave por vários dias, mas sobreviveu.
O que diz a lei

Na capital paulista, a Lei Municipal nº 13.214, de 22 de novembro de 2001, determina que “os locais abertos, destinados a grande concentração de pessoas, como parques, praças públicas, pátios de estacionamento, clubes de campo, áreas para práticas esportivas, cemitérios e similares” tenham “sistema de proteção contra descargas atmosféricas e seus reflexos ou sistemas de detecção de proximidade de descargas elétricas atmosféricas”. A lei considera eventos com grande concentração de pessoas como “shows, missas, comícios, quermesses, exposições, feiras temáticas e festivais”. Dessa maneira, a lei só obriga os parques a protegerem e prevenirem a população em eventos desse tipo, e não regularmente. Com relação aos espaços fechados, a lei obriga a instalação de pára-raios.

No parque do Ibirapuera (zona sul), há pára-raios na administração, Planetário, OCA, Bienal, Auditório, Museu Afro e cabines primárias de energia elétrica. No parque do Carmo (zona leste), são 16 pára-raios comuns e mais 50 pára-raios de linha, localizados ao longo da rede elétrica para proteção da fiação, segundo a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente. Já no Burle Marx (zona oeste), não há pára-raios, já que, segundo a administração, o local não possui grandes edificações. No parque Santo Dias (zona sul), os pára-raios estão em instalação --dez anos depois da aprovação da lei-- nos prédios da administração, biblioteca e na caixa d’água, informa a secretaria.

No parque Villa-Lobos (zona oeste), os pára-raios cobrem as edificações e os quiosques e uma pequena parte ao ar livre --a maior parte da área aberta está desprotegida. Quando começa a chover forte, os funcionários ativam um sistema de vigilância para alertar os usuários, segundo a administração. O Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), que administra o parque do Tietê (zona leste), afirmou que há pára-raios nas áreas de maior frequência da população (casarão, administração, museu, conjunto aquático, portarias, caixa d’água e quiosques). Nas áreas descobertas, há placas indicativas alertando os frequentadores em caso de chuvas com descargas elétricas, segundo o Daee.

As secretarias municipal e estadual do ambiente afirmaram que a proteção nos parques obedece a lei e garante a segurança dos frequentadores.

(Com informações do site Uol)
Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). 

Os dados de mortes em 2010 podem sofrer um acréscimo entre 5% e 10%, pois os pesquisadores aguardam a notificação de mais alguns dados do Ministério da Saúde. Créditos: Layout de Hugo Luigi, programação de Rodrigo França e Marcelo Avelar.

Nenhum comentário: