A VERDADE DEVE SER MOSTRADA

Hospitais Púbicos: Cada vez pior


Os problemas se repetem todos os dias, mas a situação não muda. Essa é a sensação relatada por pacientes e funcionários do Hospital Estadual Rocha Faria, um dos maiores centros de atendimento a emergências na zona oeste do Rio de Janeiro. A unidade enfrenta atualmente problema de superlotação após o fechamento do Hospital Estadual Pedro 2º devido a um incêndio em outubro passado.

A reportagem do R7 foi ao Rocha Faria e flagrou situações inadequadas de atendimento (veja vídeo abaixo). Devido à superlotação, vários pacientes são colocados em macas e cadeiras no corredor. Muitas vezes, os doentes são atendidos ali mesmo. Pacientes de diferentes idades e diagnósticos também são colocados lado a lado.

Para Maria Albuquerque, que foi ao hospital visitar o filho acidentado, o cenário encontrado é de desrespeito.

- É triste chegar e ver meu filho, que é um trabalhador e paga os seus impostos sendo tratado desta forma. Infelizmente, dependemos dessa estrutura. Acho que já está na hora de isso acabar.

Considerando que o Rocha Faria recebia, em média, 550 pacientes por dia, e o Pedro 2º, 433 - segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde -, com o fechamento dessa última unidade, a emergência do Rocha Faria passou a atender mais de 900 pessoas diariamente. No entanto, o hospital dispõe de apenas 296 leitos.

Um funcionário do hospital que não quis se identificar revelou que esses problemas são considerados "normais", e que, mesmo antes do fechamento do Pedro 2º, eles já ocorriam.

- Isso sempre aconteceu. Não adianta falar que é por isso ou aquilo. Trabalho aqui há dez anos. E sempre acontece a mesma situação. Quando é divulgado, eles dão um jeitinho e escondem tudo. Depois de um tempo volta a ser assim.

A reportagem do R7 visitou o hospital ao longo das últimas duas semanas e verificou a "maquiagem" apontada pelo servidor. Durante três dias seguidos, os problemas foram detectados e, após a reportagem entrar em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde, a situação foi completamente modificada. A pasta negou a existência de macas nos corredores.

Após o contato, o R7 retornou ao Rocha Faria e não encontrou macas e pacientes nos corredores. Entretanto, a partir de verificação mais detalhada, percebia-se que os pacientes haviam sido realocados em salas e ambientes apertados, de modo inadequado. Três dias depois, a reportagem voltou à unidade de saúde e constatou, de novo, macas e pacientes nos corredores.

Superação dos funcionários

Em meio ao cenário, uma cena chamava atenção. Uma mulher que aparentava ter 60 anos dava um forte abraço em uma enfermeira. Edite Santana contou que passou por grave problema de saúde, mas que só tem a agradecer aos funcionários do Rocha Faria.

- Eu sempre frequentei os melhores hospitais do Rio, mas, na semana passada, passei mal na rua e fui trazida para cá. E tenho que falar uma coisa: nunca fui tão bem atendida como neste hospital. Eles [os funcionários] se superam de tal forma como nunca imaginei. Mesmo sem a estrutura adequada, eles atendem vários pacientes com dedicação.

Eduardo Cardoso, que acompanhava a mãe no hospital, também elogiou. Ele disse que a solidariedade dos profissionais surpreendeu.

- Logo quando cheguei já resolveram tudo, logo atenderam minha mãe, que ficou internada durante a madrugada. Não consegui nem ir em casa. Tive que ficar em pé ao lado da cama, porque não tem nem cadeira. Então, veio uma enfermeira e me deu a cadeira de sua mesa. Ela ficou em pé, só para eu poder descansar um pouco. Nunca vi isso em lugar nenhum. Podem ter vários problemas no hospital, mas os profissionais são humanos.

http://noticias.r7.com/

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