A VERDADE DEVE SER MOSTRADA

Ciclista morta na avenida Paulista era bióloga e trabalhava no hospital Sírio Libanês

A ciclista Juliana Dias que foi atropelada e morta por um ônibus na manhã desta última sexta-feira (2) na avenida Paulista, região central de São Paulo, era bióloga e pesquisadora do hospital Sírio Libanês. A informação é de uma amiga da vítima, que está no 78º Distrito Policial (Jardins), que investiga o caso --o hospital também confirma a informação. Segundo testemunhas, a ciclista usava equipamentos de segurança, como capacete e colete de sinalização.


Outro amigo da ciclista confirmou que Juliana Dias, 33, era de São José dos Campos (SP) e fazia diariamente o percurso entre o trabalho, perto da avenida Paulista, e a residência atual, na Vila Mariana (zona sul). O acidente ocorreu na altura do número 1.264, próximo à rua Pamplona. A Polícia Militar informou que a vítima foi atingida na cabeça e na perna.


Ela foi atropelada por um ônibus da Via Sul, que fazia a linha Sacomã-Pompéia 478-P-31. Segundo uma testemunha --a depiladora Maria Célia Reis Fagundes, 44--, o ônibus trafegava em velocidade normal no momento do acidente e a vítima teria se desequilibrado e caído da bicicleta depois de discutir com o motorista de um outro ônibus, que a teria fechado no trânsito.

O motorista do veículo presta depoimento nesta tarde. O cobrador já foi liberado, mas saiu sem falar com a imprensa.

Por conta do acidente, duas faixas da pista sentido Consolação foram interditadas e liberadas por volta das 12h50. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), logo após a liberação, um outro pedestre foi atropelado no mesmo trecho, na altura do número 777, por uma motocicleta. Ainda não há informação sobre o estado de saúde da vítima.

O ônibus envolvido no acidente está parado em frente ao DP, e dentro do veículo está a bicicleta. Agora à tarde, ambos vão passar por uma perícia do Instituto de Criminalística de SP.

No início da tarde, um grupo de ciclistas realizou um ato de protesto na avenida Paulista contra a morte da ciclista. Por volta do meio-dia, o grupo ficou por cinco minutos deitado na via até a Polícia Militar chegar. Alguns ciclistas resistiram à solicitação da PM para sair e tiveram que ser carregados para fora da avenida.

Hospital lamenta morte

Em nota, o hospital Sírio-Libanês lamentou a morte da funcionária. "A Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês lamenta profundamente a perda trágica de sua colaboradora, a bióloga Juliana Ingrid Dias, que exercia a função de analista de laboratório no Banco Público de Sangue de Cordão Umbilical. A direção, funcionários e amigos compartilham com a família o pesar pelo seu falecimento."

"Alegre e engajada"

Luiza Calandra, 26, gerente de comunicações e uma amigas da ciclista, afirmou hoje que ela era uma pessoa engajada por condições de acessibilidade aos ciclistas, alegre e que acreditava “em mundo melhor”.

Também ciclista, Luiza confirmou que hoje, às 19h, a ONG Massa Crítica vai fazer um protesto pedindo mais segurança a quem pedala pelas ruas de São Paulo. O ponto de partida será a praça dos Ciclistas, na Paulista, próximo à Consolação.


“O mais triste é que quem anda de bike corre risco todos os dias, mas a gente não vê ninguém mudando essas atitudes. Só no meu trabalho, metade dos colegas vai de bicicleta –todo mundo ficou arrasado hoje com a morte da Ju”, afirmou.

Ainda segundo Luiza, Juliana participava ativamente de movimentos que discutiam a acessibilidade urbana dos ciclistas e tinha um temperamento amigável. Sobre o fato da ciclista ter discutido com um motorista momentos antes do acidente, a amiga afirmou: “Todo mundo que eu conheço e que é ciclista tenta não ser agressivo com o desrespeito dos outros, mas chega um ponto em que não tem mais o que fazer”, definiu Luiza. “É indescritivelmente horrível isso que aconteceu, mas mais ainda por, aparentemente, ficar a sensação de que nada vai mudar.”

Outros casos

Em janeiro de 2009, uma ciclista também morreu na avenida após ser atropelada por um ônibus. Márcia Regina de Andrade Prado, 40, era uma ativista do ciclismo e sua morte gerou uma série de manifestações na região.

Em junho do ano passado, o ciclista Antonio Bertolucci, 68, que era acionista e presidente do Conselho de Administração da Lorenzetti, também morreu após ser atropelado por um ônibus fretado na avenida Paulo VI, na zona oeste da capital.

(Com Agência Estado)

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