A VERDADE DEVE SER MOSTRADA

Com juros atuais, poupança perde para Tesouro, mas ganha do CDB; calcule

Com a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 7,25% ao ano, anunciada pelo Banco Central, o rendimento das novas poupanças perde para o Tesouro Direto, mas ganha do CDB.

Segundo cálculos do economista e professor da FGV-SP Samy Dana, uma aplicação de R$ 10 mil por 12 meses na poupança renderia R$ 527,73 e terminaria o período como total de R$ 10.527,73.

Os mesmos R$ 10 mil aplicados no Tesouro Direto terminariam com R$ 10.546,44. No CDB com 90% do CDI, ficariam em R$ 10.520,31.
  • Consulte aqui a planilha feita por Samy Dana e coloque os valores que desejar para calcular seus rendimentos.
Os novos depósitos de poupança vão render 5,08% ao ano mais a TR (5,08% é 70% da Selic, conforme determina a nova regra adotada em maio deste ano).

Esse rendimento menor da poupança ocorre porque a nova regra mudou o cálculo. Antes da alteração, a poupança tinha um rendimento fixo mínimo de 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, mais a TR (a txa referencial, um indicador de reajuste).

Agora o rendimento fica menor sempre que a Selic estiver em 8,5% ou menos ao ano. Nesse caso, a "nova" poupança rende 70% da Selic, mais a TR (Taxa Referencial). Para os depósitos feitos antes de 3 de maio deste ano, nada muda. Nesse caso, o rendimento continua sendo o antigo, de 0,5% ao mês (ou 6,17% ao ano), mais a variação da TR.

A mudança vale tanto para poupanças que já existiam e para as que foram abertas a partir de 4 de maio. O dinheiro que já estava nas poupanças antigas continua rendendo conforme as regras anteriores. O que muda para essas contas antigas são os novos depósitos. Esses já entram na regra nova.

Os bancos têm de informar o rendimento da poupança em blocos diferentes no extrato. Um dos blocos informará o rendimento dos depósitos feitos até 3 de maio. Os outros deverão trazer o rendimento dos depósitos feitos depois de 4 de maio.

Para calcular quanto vai ganhar, o poupador deverá sempre considerar a Selic vigente no dia em que ele efetuou o depósito.

 

Entenda por que a poupança rende menos agora


O governo decidiu reduzir os ganhos da poupança para que os investidores não migrassem em massa para ela.

O governo reduziu a taxa básica de juros no último ano ao menor nível histórico e isso criou um impasse em relação aos rendimentos da caderneta de poupança. Com os juros mais baixos, a caderneta tende a ficar mais interessante para os investidores do que os títulos públicos. Segundo especialistas, isso pode criar problemas para o governo e para os bancos.

O governo federal precisa de dinheiro para fazer obras, financiar projetos sociais (como Bolsa Família) e pagar suas despesas (gastos com funcionários públicos, por exemplo). Existem algumas formas para conseguir esse dinheiro, como a cobrança de impostos (como IPI e Imposto de Renda) e o recebimento por concessões (como quando o governo permite que uma empresa explore petróleo, por exemplo).

Se o dinheiro arrecadado pelo governo não for suficiente para cobrir esses gastos, é necessário emitir títulos públicos para refinanciar essa dívida. Esses títulos são comprados diretamente por pessoas físicas, por meio do Tesouro Direto, ou por bancos (que os revendem em carteiras de fundos de investimento de renda fixa, por exemplo).

 

Rendimento dos títulos é atrelado à Selic


Assim, quem compra um título público está, na verdade, emprestando dinheiro ao governo para que ele faça investimentos. Para emprestar esse dinheiro, porém, o investidor quer ter um retorno, que é justamente baseado na taxa Selic.

Como a taxa caiu, esses títulos perdem atratividade, e os investidores poderiam migrar para a poupança, o que faria o governo ter dificuldade para financiar suas dívidas.

Os bancos também tendem a perder com a migração em massa dos investimentos para a poupança, porque, por lei, 65% dos recursos da caderneta devem ser usados no financiamento de imóveis. A demanda por financiamentos, porém, pode não continuar tão alta como tem acontecido nos últimos anos, diz Nogami. Isso deixaria esses recursos parados nas instituições.

Por isso o governo decidiu reduzir a atratividade da poupança.

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