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Garota que desistiu de ir à Boate Kiss morre em acidente no PR

Uma estudante que havia desistido de ir à Boate Kiss, em Santa Maria (RS), na noite de 26 de janeiro - e se salvado do incêndio que matou mais de 230 pessoas - morreu no último sábado, em um acidente na rodovia PR-182, em Toledo (PR), 540 quilômetros a oeste de Curitiba. Jéssica de Lima Röhl, 21 anos, era estudante de Tecnologia em Agronegócio da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e ajudou na divulgação da festa de universitários que acabou em tragédia. Ela viajava com o namorado Adriano Stefanel, de 20 anos, quando o carro onde eles estavam colidiu com um caminhão, matando os dois.

De acordo com o pai de Adriano, Nilton José Stefanel, 48 anos, Jéssica ajudava na venda de ingressos para a festa. Na noite da tragédia, o filho, que morava em Toledo, havia aconselhado a namorada a não ir à boate. “Provavelmente ele sentiu alguma coisa e pediu para ela não ir, e a Jéssica acabou não indo. Assim que amanheceu o domingo, ele ligou para casa chorando desesperado, já sabendo da tragédia, perguntando se a minha filha de 16 anos tinha ido, mas ela também não foi”, contou o agricultor.

“A Jéssica ficou muito feliz e muito agradecida por ter ouvido o conselho dele. A partir desse momento, ela o considerava um anjo e ele se sentia um herói por ter salvado alguém”, contou. “A família dela ficou muito feliz por ela não ter ido naquela noite da tragédia, e agora ficou traumatizada pelo que ocorreu, mas estão mais conformados pela morte dela não ter sido na boate”, disse Nilton.

No domingo da tragédia, Adriano usou a sua página no Facebook para postar uma mensagem de solidariedade às vítimas. “Diante ao fato ocorrido em Santa Maria, muitos conhecidos perderam suas vidas. Aos que ficaram, agradeçam a Deus e rezem pelas pessoas que se foram e pelos familiares das mesmas para terem forças para superar esta grande perda”, escreveu. 

O acidente
O pai do jovem conta que, na última quinta-feira, Jéssica viajou para Toledo para buscar o namorado, que iria voltar a morar no Rio Grande do Sul. Na sexta-feira, o pai, que mora em Silveira Martins, cidade vizinha de Santa Maria, também foi para o Paraná para ajudar na mudança de Adriano. “No sábado de tarde, fui até a casa dele, que fica dentro da empresa onde ele trabalhava. Nós carregamos tudo e estava tudo combinado para domingo voltarmos. Ele disse que ia sair mais tarde para tomar um lanche e buscar gelo na cidade, que fica perto. Eu me despedi e ele ficou lá”, recordou o pai.

À noite, Adriano e Jéssica embarcaram no Gol para ir à cidade, mas não chegaram no destino. Eles haviam andado poucos metros, quando, por volta das 21h10, o carro em que estavam colidiu de frente com um caminhão com placa de Cascavel. Jéssica morreu no local. Adriano chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Ele completaria 21 anos no dia seguinte. “Ele sempre ligava para casa dizendo que se sentia muito sozinho e assim que conseguisse emprego, voltaria. Só que ele voltou de outra forma”, lamentou Nilton, que acredita em destino. “Quando termina a missão da pessoa aqui, seja na boate, na estrada, em qualquer lugar, quando teu destino não tem outra solução, não nos resta outra coisa a não ser aceitar a vontade de Deus”, afirmou.

Embora Jéssica fosse moradora de Santa Maria, ela foi enterrada ao lado do namorado, em Silveira Martins. “Foi um pedido da própria família dela”, completou o pai de Adriano.

Terra

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