A VERDADE DEVE SER MOSTRADA

Veja como usar cartão que liga 9 cidades do litoral de SP por R$ 10

A Secretaria de Turismo do Governo do Estado de São Paulo implantou pelo segundo ano o Roda SP no litoral paulista (leia aqui sobre a 1ª edição do programa). O objetivo é oferecer ao turista a oportunidade de conhecer o trecho entre Peruíbe e Bertioga, mais dois parques de Cubatão, pelo preço de R$ 10. Com um cartão que é comprado dentro dos ônibus, o passageiro pode alternar por quatro rotas durante um período de 24 horas a partir do momento do primeiro embarque. A reportagem do UOL Viagem percorreu o roteiro para contar como funciona, de fato, o sistema.

Os ônibus começam a circular diariamente às 9h, partindo do limites de cada uma das quatro rotas (ver na tabela abaixo), parando ao em pontos ao longo do caminho para coletar passageiros. O meu era na praia do Gonzaga, em Santos. De longe já dava para ver uma pequena aglomeração formada majoritariamente por idosas. Um totem junto ao calçadão indicava o ponto de parada do ônibus da rota Bem Receber – ligando o Portinho, na Praia Grande, até a Ponta da Praia de Santos e balsa para o Guarujá.

Um luxuoso ônibus de dois andares, com ar condicionado e assentos confortáveis aportou no ponto de parada às 9h05. Os cartões de embarques são comprados com os monitores no interior do veículo e validados imediatamente. Valem até a mesma hora do dia seguinte.

Todos os monitores do Roda SP são profissionais graduados na área de turismo e treinados para esclarecer as dúvidas sobre o trajeto. Os passageiros também acompanham uma gravação com detalhes dos pontos turísticos que ficam no entorno de cada ponto do trajeto.

Passado o Aquário de Santos, ninguém desceu. Assim como eu, as senhoras que enchiam o ônibus pretendiam atravessar a balsa e seguir rumo ao litoral norte, pela rota Navegantes. O trajeto começa depois da balsa Santos-Guarujá e vai até a praia da Riviera de São Lourenço, em Bertioga. Era a oportunidade daquele grupo de amigas de uma academia de ginastica da cidade (que a essa altura já viraram minhas companheiras de viagem) respirarem outros ares.

“Faz tempo que não venho para esses lados”, me contou Suely Terra Lafullo, de 66 anos. “É bom ter um dia diferente. Vamos seguir o roteiro e parar onde acharmos mais gostoso”. “Semana passada fomos para o sul. Era um grupo de 40. Algumas ficaram em Itanhaém, outras foram até Peruíbe. Depois voltamos todas juntas”, emendou animada Edna Wilson Reis, com 72 anos, que planeja embarcar na rota Caminhos do Mar na próxima semana, chegando até o Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Ituitinga-Pilões, em Cubatão.

A rota Navegantes é atendida por micro-ônibus de 26 lugares, bem menores que os double-decker do trecho santista. Para não deixar passageiros de fora, os monitores checam com antecedência quantos passageiros pretendem fazer a conexão e por rádio se comunicam com o próximo ponto, que providencia um ônibus reserva caso esteja lotado. Assim, com todos dentro do veículo, parti às 10h20 junto com minhas novas amigas.

As senhoras queriam chegar à Riviera de São Lourenço, mas ainda levaria três horas para chegar até lá. Assim, a tão sonhada praia ficaria somente para depois das 13h. Muito tarde para mim, que precisava estar de volta ao ponto de partida às 17h. Tampouco daria tempo de chegar ao meu objetivo: a Praia Branca, no Guarujá. Uma caminhada de cerca de meia hora por uma trilha antes de alcançar a mais deserta praia do roteiro deixava tudo mais demorado.

Conforme o tempo passava, os planos mudavam. E diante do trânsito das 11h de terça-feira, ainda no início da praia de Pitangueiras, no Guarujá, deixei a vontade de almoçar um peixe fresco na praia do Perequê para outra oportunidade. O planejamento do dia também precisava contar com o tempo que seria gasto no retorno, com possíveis demoras e superlotações dos ônibus. Além, é claro, das horas de lazer e diversão à beira-mar, que dá sentido ao passeio todo. Abandonei minhas colegas ali mesmo e segui a pé até Tortugas, no final da Enseada. Cheguei lá sete quilômetros mais tarde, depois de passar por outras paradas do Roda SP, como o Acqua Mundo.

Minha disponibilidade limitada de tempo me tornou refém do relógio durante o dia em que experimentei o Roda SP, contando as horas e mudando os planos de acordo com os acontecimentos. Já no ônibus de volta descobri que não fui o único. A professora Fernanda Dacca queria ir com seus dois filhos até Bertioga. Não passou de Perequê. Moradora da Praia Grande, ela precisava pegar o ônibus de volta e chegar, no máximo, às 16h no lado santista da balsa. Só assim conseguiria cruzar as cidades de Santos e São Vicente, e chegar até o Portinho a tempo de embarcar na rota Caminho do Coração e, enfim, chegar em casa.

“É um excelente projeto, mas o que pega é o horário”, afirmou Fernanda. “Você fica bitolado com o relógio. Não dava para ir mais longe do que a gente foi”. O Roda SP vende a ideia de que com R$ 10 você viaja o dia inteiro, mas para Fernanda e outros tantos que eram obrigados a encarar o ônibus de volta faltando ainda quatro horas para o pôr-do-sol, o dia ficou curto demais.

Sobre o Roda SP

O Roda SP funciona de terça a domingo, com partida de ônibus das 9h às 17h. As saídas e passagens pelos pontos de parada acontecem em média a cada 60 minutos. Monitores nos pontos de parada estão á disposição para informar os turistas sobre o funcionamento do programa e a previsão de horário do próximo ônibus.

O ingresso custa R$ 10 e pode ser utilizado por 24 horas, subindo e descendo quantas vezes quiser em qualquer um dos pontos de parada.

O Roda SP circula até o dia 17 de fevereiro. Mais informações: http://www.turismo.sp.gov.br/programa-e-acoes/roda-sao-paulo.html

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