A VERDADE DEVE SER MOSTRADA

Região Norte tem maior número de mortes por raios no Brasil, diz estudo inédito

No país com a maior incidência de raios do mundo, a probabilidade de ser vítima desse fenômeno é ainda maior na região norte do Brasil. Em 2011, 25% das mortes desse tipo aconteceram nos Estados da região, segundo um estudo inédito do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Das 81 pessoas que morreram ao serem atingidas por raios em 2011, 20 estavam no Norte. A região é seguida pelo Centro-Oeste, com 22% das mortes; do Nordeste e Sudeste, com 20% cada; e pelo Sul, com 13% do total.

De acordo com Osmar Pinto Junior, coordenador do Elat, o motivo que mais influencia o número de vítimas fatais é a falta de acesso a informações sobre como se proteger de raios.

"Se você vai para as regiões onde o acesso à internet ou à imprensa é mais restrito, o número de mortos por raios aumenta", explica. O levantamento mostra ainda que 80% dos casos de morte por raio podem ser evitados se a pessoa souber como agir em uma tempestade.

Para demonstrar a importância da divulgação de como se proteger, basta pegar outro dado crucial da pesquisa, que analisou o fenômenos nos últimos 12 anos.

"No Sudeste, o número de mortos desde 2000 vem diminuindo, apesar de a incidência de raios ter se mantido. Isso mostra o impacto positivo dessa conscientização, que se dá principalmente por meio da internet e da imprensa", afirma Osmar.

Realidade brasileira

Segundo o coordenador, a tendência de se ter menos mortes entre habitantes mais informados, e vice-versa, é semelhante em países como os Estados Unidos. Os dados americanos foram analisados inclusive para que a criação pelo Elat de uma cartilha do que fazer - e o que não fazer - em caso de tempestades com raios.

"Analisamos as principais situações em que há fatalidades por raios no Brasil e elaboramos as recomendações de acordo com a realidade brasileira. Já que as regras de proteção em vigor nos Estados Unidos, por exemplo, não se aplicam ao Brasil", explica Osmar.

Ele cita como exemplo o fato de nas cartilhas americanas haver a recomendação de não se jogar golfe durante tempestades. No Brasil, essa é uma recomendação menos urgente, visto que o esporte é bem menos popular por aqui.

No Brasil, a circunstância que mais mata por raios é praticar atividades agropecuárias ao ar livre, como cuidar de animais em descampados e trabalhar em plantações com enxadas, pás, facões e instrumentos semelhantes.

A segunda causa que mais provoca mortes é ficar próximo a veículos como carros ou andar de moto ou bicicleta. Em seguida, estão casos de mortes em áreas abertas, especialmente em praias, campos de futebol ou próximo a árvores e cercas.

Ficar perto de objetos que conduzem eletricidade, como telefone com fio ou celular conectado ao carregador, também está entre as principais causas desse tipo de morte.

Esse tipo de circunstância é bem mais comum na região centro-oeste, que concentra 20% dos casos, em comparação com 1% no Sudeste. "Esse dado sugere que as redes de telefonia nesta região não são tão protegidas como em outras", diz Oscar.

Fuja dos raios

O melhor abrigo, segundo o coordenador do Elat, para evitar os raios é permanecer em um carro, com portas e janelas fechadas, sem encostar na lataria até o fim da tempestade. No Brasil, não há registro de mortes dentro de veículos fechados.

Mas e quando se está em uma área descampada, longe um carro?

"Uma das alternativas é se refugiar em prédios ou outras construções propriamente ditas", afirma Oscar. No entanto, ele reconhece que essa pode não ser uma opção viável e que o recomendável é ter um sistema de alerta de raios, especialmente em parques e até em grandes fazendas.

"É possível se ter um equipamento no próprio local ou, uma opção mais sofisticada, receber o alerta de instituições meteorológicas."

Em São Paulo, um exemplo seria o Parque Villa-Lobos, na zona Oeste. Nos últimos 10 anos, duas pessoas morreram ao ser atingidas por raios, além de uma segurança que foi atingida no ano passado e sobreviveu.

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, que administra o parque, há para-raios e dispositivos semelhantes instalados em todo o parque.

No entanto, "o sistema de alerta anterior à tempestade ainda não foi instalado, já que ainda está na fase de elabaoração de um estudo do sistema na área".


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