A VERDADE DEVE SER MOSTRADA

Internada no Hospital das Clínicas de Salvador foi encontrada morta no subsolo

Hospital demorou um dia para avisar sobre desaparecimento de mulher, diz irmã.

A família da auxiliar de serviços gerais Maria Selma dos Santos Reis, de 48 anos, diz que só foi avisada sobre o desaparecimento dela mais de dez horas depois que a paciente não foi mais vista na enfermaria do Hospital das Clínicas de Salvador. O irmão, que é funcionário da unidade, teria sido proibido de ver as imagens das câmeras de circuito interno. Maria Selma sumiu do quarto no dia 28 de novembro. Dois dias depois, o corpo dela foi achado no subsolo do prédio, com sinais de violência.

Para a irmã de criação de Maria Selma, a dentista Adriana Pugliesi, o que realmente aconteceu com ela é um mistério.

— Ela falou com a família às 19h45 de quarta-feira, 28 de novembro. Uma enfermeira foi levar o medicamento para ela às 20h e percebeu que ela não estava no quarto. O hospital procurou durante a noite e só foi avisar a família às 5h50 do dia seguinte, dizendo que ela tinha se evadido. É muito difícil dizer o que aconteceu com ela depois das 19h45.

A unidade ainda informou que a paciente tinha saído com as roupas do hospital e usado uma porta que estaria aberta no terceiro subsolo para ter acesso à rua. Foi então, que os parentes dela decidiram procurar e foram à delegacia de pessoas desaparecidas e ao Instituto Médico Legal.

Sem pistas de Maria Selma, o irmão dela, que é funcionário do hospital, exigiu que fossem mostradas as imagens das câmeras de segurança daquela noite, o que, segundo Adriana, foi negado.

— Só na sexta-feira que o diretor do hospital ficou sabendo do caso. No mesmo dia eles fizeram uma busca mais minuciosa e acharam o corpo dela em um esgoto, que fica no terceiro subsolo.

A família não chegou a ver o corpo, que estava inchado porque ficou parcialmente coberto por água. Mas, segundo a irmã, pessoas que viram relataram que havia alguns hematomas, que podem indicar que ela foi agredida.

Maria Selma estava internada há 20 dias para fazer transfusões de sangue monitoradas. Ela sofria de anemia falciforme, uma doença hereditária, e estava debilitada. No entanto, antes de desaparecer, a paciente apresentava melhora e deveria receber alta em três ou quatro dias. Maria não tinha qualquer problema de depressão, era uma pessoa calma e frequentava a igreja. Uma paciente que dividia o quarto com Maria Selma recebeu alta horas antes da auxiliar de serviços gerais desaparecer.

O caso é está a cargo do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). A Polícia Civil informou que o delegado responsável pelo inquérito não vai se pronunciar antes do fim das investigações. O Hospital das Clínicas também não vai se manifestar até que o laudo da perícia feita no corpo de Maria Selma seja divulgado, o que deve acontecer dentro de um mês.

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